segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Aquela pessoa que um dia me disse que eu era um máximo

Foi há 15 ou 16 anos que a conheci. Entrou ao de leve, fincou pé numa viagem, encantou-me com o dedilhar tocado de ouvido e as palavras cantadas, mas empurrei-a do meu mundo pouco depois. Porque o fiz? Já mo perguntei muitas vezes e não tenho certeza da resposta. No entanto, inclino-me sempre para este meu receio de não ser suficientemente interessante e inteligente e, como tal, por meio de uma fuga antecipada, tentei evitar que um dia mo dissesse e me virasse as costas. Havia (e há) essa possibilidade, não só mas também porque ela lê livros que vão desde a astrofísica à religião e que não passam pela ficção, o que é o oposto do que faço. E isto é uma ínfima parte do que esta pessoa faz. Sinto-me como um jogador da divisão distrital que tenta chegar aos calcanhares de um jogador de uma equipa da Liga dos Campeões. E, como tal, segui o meu modelo do magoar ao invés de sair magoada. Mas esta fuga está no meu top de arrependimentos. Volvidos 13 anos desde o adeus, pedi-lhe desculpa por tê-la expulso. E foi, sem dúvida, um dos mais sinceros e sentidos pedidos de desculpa em toda a minha curta vida. Esta pessoa tem entrado e saído do meu espaço ao ritmo de vários textos escritos e respondidos. Alguns deles com muitos meses de intervalo. Mas todos com essência e sem banalidades. Ali não há banalidades, nem perdas de tempo, nem preguiça. Mas o mais curioso é que as palavras têm surgido, essencialmente, de surpresa, em momentos chave desta vida desalinhada que, curiosamente, parece que encontra o caminho quando ressurgem novas cartas. É quase como se esse troço tivesse sido desenhado há 16 anos e eu, com maior ou menor intensidade, ao invés de seguir por esse caminho, optei por estradas paralelas que, vá-se lá saber porquê, sempre me levaram a ruas sem saída. Não me parece que ande à procura de coincidências, mas é inegável que elas existem. Há mais de 1 ano que nada sabia sobre a sua existência, excepto que morava overseas, e há 1 mês recebi um anúncio de regresso. Não temporário. Definitivo. Desde que a expulsei, só a vi ao vivo 2 vezes e não mais que 2 ou 3 horas em cada momento. Pouco ou nada sei sobre a sua vida nestes últimos 15 anos. Enquanto escrevia estas palavras, fui procurar a música que me foi dedilhada. Faz parte da banda sonora do Moulin Rouge. É uma das minhas bandas sonoras preferida e ouço-a recorrentemente, pelo que o dedilhar anda na minha cabeça há 15 anos. Sim, sou uma romântica incurável e, provavelmente, ando à pesca em lago seco. Mas é muito bom receber novas palavras e histórias e nelas mergulhar e refrescar os sonhos. 

Amêndoa

Texto acima escrito a 25/8/2017, exactamente no dia de aniversário deste blog. Coincidências!

Texto abaixo à data de hoje.


Despedi-me de 2017 e entrei em 2018 com aquela pessoa que um dia me disse que eu era um máximo!

Feliz 2018!
Amêndoa

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