quinta-feira, 21 de março de 2013

Dizerem-me para esquecer não chega

Estas são as palavras que nunca te darei a ler
Consubstanciam uma ínfima parte da possível resposta
Ao malfadado email que levou ao fim
Traduzem muitos sentimentos e emoções
Nem todos expressos
São erigidas sobre os escombros do que tivemos
Palavras que não doem a quem lê
E por certo nada te afectariam
Mas estão cravejadas em quem as escreve
Longos são os meses volvidos
Longe vão as memórias e as lembranças
Trazidas de volta por ventos agrestes
Sei serem tantos os namoros que acabam
Os casamentos de anos que findam
Mas o que tínhamos enchia-me o coração
Fomos tão felizes
Eras o meu melhor amigo
Aquele a quem sempre recorria
E que tão bem me conhecia
Por isso demora muito a sarar
E custa tanto a recuperar
A ferida aumentou há semanas
Quando fui atingida pela notícia
“Ele vai casar”
Mas não comigo
Por certo não te lembras
Que também a mim me pediste em casamento
Fizeste-me sonhar
Falámos tantas vezes no futuro
Juntos
Mas as nossas linhas afastaram-se
O nosso fado jamais será comum
Mas saber que o que era nosso
É agora parte com outrem
Continua a estilhaçar-me as entranhas
Se foste tu quem me abandonou
Porque és tu quem sorri?
Se não encontro quem me traga felicidade
Porque tens o direito de ser feliz?
É tão injusto
E tão duro
Deixaste-me como se oito anos nada fossem
Fizeste-me perder o rumo
Noites seguidas sem dormir
Horas contínuas de lágrimas
E um vazio imensurável
Que ainda permanece
E não há viagem que o cure
Ginásio que o combata
Alimento, álcool ou música que o derrubem
Tudo remenda mas nada repara
Não mereces ser feliz
Mas espero que o sejas
Não te desejo qualquer dor
Mas devias senti-la
Só assim provarias o estado em que me deixaste
Aquele em que estou
Amêndoa