quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O que dizem de mim

Disseram-me há uns dias atrás que no meu local de trabalho tenho uma postura muito dura e que os meus colegas me acham fria. Esta é uma daquelas situações em que tenho a fama, mas também tenho o proveito. Imaginem-se com 27 anos e chegarem ao vosso novo local de trabalho, onde 85% dos colegas com os quais têm de lidar são mais velhos, e dizerem que o que todos pensavam ser vermelho afinal é verde e segue regras diferentes das implementadas... Pois, ou se é dura, ou nada feito e já teria sido despedida por não fazer o meu trabalho!
As circunstâncias da vida tornaram-me, de facto, uma rapariga dura, marco a distância, deixo poucos aproximarem-se e, não sentindo empatia com os que me rodeiam, os meus diálogos resumem-se aos cumprimentos cordiais, frases soltas e pouca continuidade de discurso. Pois, por vezes sou anti social (também me disseram isto há uns dias). E por vezes lamento que assim seja. Mas já dei uma quantia milionária para o peditório das traições e facadas nas costas e para essa obra social os cordões da bolsa estão fechados e mais vale prevenir que chorar sobre leite derramado.
Mas o que ouvi há uns dias atrás, não ficou por aqui.
Também disseram que não tenho ar simpático. Pois, quanto a isto, aplica-se ipsis verbis a explicação do parágrafo anterior.
Mas ainda ouvi mais: que não sou humilde! Isso é que não! Este comentário não aceito! Comecei a faiscar dos olhos e exigi uma concretização. Ao que me responderam que mantenho a distância (confere), que tenho um ar sofisticado (isso não sabia) e que me arranjo mais do que os meus colegas de trabalho e as outras raparigas da minha idade (e onde é que isso é mau?!) e tenho uma postura que me faz parecer mais velha. 
Ora, alguém me explica onde é que isto consubstancia falta de humildade?
Por humildade entende-se, segundo a Wikipédia, "a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas".
No meu dia-a-dia não me ando a gabar que sou e faço e aconteço. Não me vêem espezinhar os que me rodeiam (mas se tiver de dizer que o trabalho que me apresentaram estava muito fraco, não me coíbo de o fazer). Posso não ser simpática, mas sou cordial. Não dou palmadinhas nas costas só porque sim, nem elogio outrem só porque socialmente fica bem. 
Por vezes podia ser mais maleável e menos fria, mais faladora e bem disposta. E sou! Sempre que estou junto dos meus, daqueles que me conhecem e que merecem todo o meu lado mais doce. Os outros têm de fazer um longo caminho até poderem conhecer este meu lado de boa pessoa. É só tentarem.

Amêndoa

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