quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ontem

Ontem ofereceram-me flores. Não imaginam há quanto tempo esperava que alguém me oferecesse flores.
Ontem disseram-me que gostam de mim do fundo do coração. Porque sou gira, inteligente e interessante. Que gostam que eu devore livros. Que gostam de tudo em mim, até da minha intransigência e da minha personalidade complicada. Não imaginam há quanto tempo esperava que alguém me dissesse estas palavras que, afinal, corresponde à declaração que todas as raparigas querem ouvir em algum momento da sua vida.
Ontem uns lindos olhos azuis emocionaram-se à minha frente enquanto me abriam as portas para o coração do seu dono. Sei lá há quanto tempo eu esperava que isto me acontecesse.
Ontem houve quem se desarmasse e dissesse tudo o que eu queria ouvir.
Mas ontem, já foi tarde...
A esta pessoa, o meu coração tentou e esforçou-se para se abrir há semanas e só eu sei como isso foi e continua a ser difícil para mim.
Mas ontem o meu coração já estava novamente empedernido. As flores e as palavras fizeram ricochete e não me amoleceram nada.
O esforço de ontem devia ter acontecido há semanas, apesar de não saber se, ainda assim, teriam causado o impacto desejado. Mas há semanas atrás tomei a decisão de me afastar porque achava que aquela pessoa não era a certa para mim e, lá está, a minha intransigência e incapacidade para voltar atrás, fizeram-me manter a minha primeira decisão.
Arrependo-me? 
Não.
Apenas me condeno por ter partido o coração de alguém... Isto sim é horrível...
Mas o meu coração é de pedra e quando se abre uma fresta é de aproveitar porque pode voltar a fechar-se tão depressa como abriu.
Ontem ofereceram-me flores...
E eu preferi continuar sozinha enquanto a pessoa certa não chega!

Amêndoa

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