sexta-feira, 7 de agosto de 2015

3/3

Na nossa vida, há situações e factos que nos fazem pensar e questionar aquilo que somos, o que nos rodeia e aqueles que fazem parte da nossa vida. 
Esta manhã, a Senhora sentada no banco à minha frente no autocarro chorava enquanto falava ao telemóvel. Mesmo sem querer, ouvi algo como "perdi 14 anos da minha vida contigo, mas já chega". Eu que comecei o dia tão bem disposta, fiquei verdadeiramente pesarosa por aquela Senhora. E também por mim. Também eu sinto que perdi 8 anos da minha vida. Principalmente agora que o G me pergunta por histórias do tempo da faculdade ou do princípio da década dos meus 20 anos, quando é suposto acontecerem N peripécias e aventuras, e eu não tenho nada para contar. Nada! 
Sim, só há pouco mais de 4 anos é que comecei, verdadeiramente, a viver a vida e a criar a minha história. Nem todos os momentos foram espectaculares ou bons, mas estes 4 anos deram-me energia, garra e vontade, características que nem sabia ter.
Desde Setembro de 2014 que penso sobre aquilo que me faz verdadeiramente feliz, que me enche o coração e me dá aquela energia diária para sair da cama pela manhã. 
A minha actividade profissional e o meu cargo (apesar de muito relevante e de fazer inveja a muita gente) não me enchem as medidas, não me preenchem os gostos, nem me trazem o ânimo que espero diariamente. Passamos, pelo menos, 1/3 do nosso dia a trabalhar e é muito importante que isso nos dê a maior das satisfações. Do meu trabalho não consigo tirar o entusiasmo que anseio e é por isso mesmo que o vou deixar e mudar radicalmente de vida. Claro que esta mudança tão drástica me traz muitos receios, sendo o maior o de não conseguir corresponder às expectativas do meu novo empregador que, bem sei, são altíssimas. Tenho ânsia de aprender e saber e fazer melhor em cada dia que vai passar. Vai ser duro no início, mas tenho de enxotar os meus medos. E a postura não vai ser "fazer o melhor que sei", mas sim "ser melhor do que alguma vez fui" e isso sem tentar pôr a Avenida da Liberdade num beco, como costumo dizer à minha Sis. Grande desafio!
2/3 do nosso dia são ocupados com a nossa vida pessoal. Pelo menos assim deveria ser. 6 a 7 horas de sono diário, acordar cedo e ver o amanhecer fazem parte da minha rotina diária desde há uns tempos. A calmaria do início de dia deixa-me bem disposta e é algo de que não quero abdicar. Tentei incluir o exercício físico pela manhã, mas isso implicava começar o dia a correr e comigo não funciona. Passou para o final do dia, mas acho que vou reintroduzi-lo à hora de almoço. 30 minutos por dia e posso dar a tarefa por concluída. Em Novembro, com as novas rotinas, revejo a hora do exercício.
O remanescente do nosso dia deve ser preenchido com momentos de prazer e bem-estar. 
Boas refeições, que sejam saborosas, saudáveis e cheias de cor devem fazer parte do cardápio. Não quero ser crítica, mas as marmitas de alguns colegas são tão monocromáticas que não admira que não retirem qualquer prazer do almoço. E o que é mais grave é que eles próprios o dizem. Claro que a excepção faz a regra e pecar com algumas calorias extra e um bom vinho também devem entrar nas nossas escolhas. Infelizmente para a minha linha e felizmente para a minha alegria, nas minhas entram. 
Ter boas opções de roupa e acessórios no armário também consubstanciam momentos prazerosos. Qualidade acima da quantidade, sem dúvida. A minha veia de consumista não palpita tanto como há uns anos, principalmente graças à evolução que ocorreu na minha vida e eu sentir que não são os objectos que me preenchem e me fazem felizes. Prefiro, agora, comprar um bom vestido e uma boa mala que durem muitos anos a adquirir muitas peças de roupa que passado alguns meses parecem trapos. E assim vou dando uso, até desgastar, dar, ou alterar na costureira, ao que tenho no armário. E mais não preciso. 
E, de facto, o que me faz feliz, não são objectos. São os bons sentimentos, os pequenos gestos cheios de significado, as palavras certeiras e os abraços cheios de amor. É a mensagem de bom dia, o beijo de boa noite, o olá só para saber se está tudo bem. O obrigarem-me a dar passos para fora daquele espaço que eu achava ser a minha zona de conforto, mas que, na realidade, era apenas o local onde me escondia. E quem gosta de mim, fá-lo todos os dias. Os meus pais, a minha Sis, os meus bons amigos e o G enchem-me o coração e dão-me vida a cada novo dia que nasce.
Sim, desde Setembro de 2014 que questiono cada ideia e sentimentos que afloram. E desde Setembro de 2014 que me sinto, cada vez mais, Eu!

Bom fim-de-semana,
Amêndoa

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