domingo, 17 de janeiro de 2016

Escrito há 150 anos

"Todo o homem vive para si, exerce a sua liberdade para atingir fins particulares, e pensa sinceramente que pode ou não praticar tal acto; a partir, porém, do momento em que o praticou, esse acto, executado a um dado momento, torna-se irrevogável e pertence à história, onde deixa de ser livre para assumir um significado predeterminado.
Há duas facetas na vida de todo o homem: a individual, que é tanto mais livre quanto os seus interesses são mais abstractos, e a elementar, gregária, em que o homem se submete inevitavelmente às leis que lhe são prescritas.
O homem vive conscientemente para si, mas serve de instrumento inconsciente à prossecução de objectivos históricos, comuns a toda a humanidade. O acto praticado é irrevogável e, pela sua concordância no tempo com milhões de actos praticados por outros homens, adquire um valor histórico. Quanto mais elevada é a sua posição na escala social, maior é o número daqueles a que está ligado, e maior é o seu poder sobre os outros homens, mais evidente o carácter predeterminado e inevitável de cada um dos seus actos."

"Guerra e Paz" - Lev Tolstoi

Amêndoa

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